SE COÇAR, COCE-SE SÓ
CRÔNICA DE: Sérgio Aparecido Dias
(...e de quem mais poderia ser?)
Como diz o ditado, “cada qual sabe onde lhe aperta o sapato” (ou “onde o sapato lhe aperta”, dá no mesmo!), não é verdade? Pois é, vai daí que eu resolvi utilizar o referido ditado como mote (“momote” causa um cacófato meio desagradável, melhor dizer: “tema”) para essa crônica. Ainda não sei bem quais seriam as aplicações em que se caberia usá-lo, mas vamos em frente que eu acabo descobrindo. Meus neurônios costumam pegar “no tranco” mesmo, já estou acostumado! Pois então, vamos lá.
Como eu me coçaria se fosse o governador Arruda? Pergunta por demais profunda e de difícil resposta, uma vez que o dito cujo já tem nome de planta que esconjura mau olhado e espanta capeta. Mas que também atrai boa sorte e, dizem, muito dinheiro. Deve ser verdade, a julgar pela enxurrada de notas de cem e de cinqüenta que acabaram caindo no seu colo nesses últimos meses. O Arrudão se esbaldou, deitou e rolou na grana preta, se acabando de prazer e gozo!
Mas é aí que a porca torce o rabo, meu amigo! Tanto dinheiro assim não cai do céu. E já vai longe o tempo em que se podia dizer: “Deus me ajudou e eu ganhei dinheiro na loteria”! Ou então afirmar e jurar: “esse dinheiro não é meu, não sei quem colocou em minha conta; só sei que não é meu!!!” Ou ainda: “é uns trocadinhos da minha mulher, para fazer compras em Miami!” Esses truques não funcionam mais.
E o Arruda se ferrou direitinho. Com direito a escutas telefônicas, gravação e filmagens, tudo ao vivo e em cores! O Brasil inteiro viu. E a Internet espalhou pelo mundo. E de tal modo, que nem os pais-de-santo aceitam mais fazer “simpatias” com ramos de arruda. A arruda não cheira mais, mas exala uma fedentina que ninguém agüenta! Que o Arruda dê o seu jeito pra se coçar. E que seja bem criativo e super contorcionista, porque a coisa “tá braba”! (onde é mesmo que eu coloco o ponto de exclamação , hein?). Deixa pra lá, essa coceira é minha, eu me viro!
E nessa questão dermatológica, teve neguinho que entrou de gaiato. Pelo menos é o que afirma o deputado “evangélico” Junior Brunelli, filho do Missionário Doriel de Oliveira, fundador da Casa da Bênção, com sede em Brasília — orando juntamente com outro Dep. Distrital, Leonardo Prudente, também evangélico, membro da Igreja Sara a Nossa Terra, por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais e delator da investigação “Caixa de Pandora”, que investiga o escândalo de Arruda.
E assim se deu, pois a “oração” foi ouvida sim, mas ao contrário. Os “perseguidores’ e “agentes do mal” caíram de pau pra cima dos “irmãos” e botaram pra quebrar. “Ué...mas Deus não ouviu a gente?” – devem ter pensado os “oradores”. Ouviu sim, mas, como Deus às vezes tem um senso de humor que desagrada certos tipos de “adoradores”, o caldo quente entornou na cabeça deles. Mais ou menos o que acontece quando algum “adorador” mais afoito pede que Deus lhe dê “a paciência de Jó”. O irmãozinho se sente nas nuvens, a Igreja lhe dedica o maior respeito, o seu fã-clube se enche de orgulho: nosso líder desafia as forças do mal e pede a Deus a porção dobrada do espírito de Jó, para enfrentar as adversidades!
Dali a alguns dias o “novo Jó” se vê mergulhado na mais profunda luta e num verdadeiro mar de angústias e tribulações. E resolve reclamar: “mas meu Deus, o que é que eu fiz pra merecer tudo isso? Livra-me Senhor! !! Tem misericórdia de mim! Eu sou teu servo! ! !” E Deus responde: “mas não foi você mesmo que pediu isso? Como quer a paciência de Jó, sem passar por tudo que ele passou? Além disso, eu estou apenas começando a responder a tua oração, vem muito mais por aí!”
E toma-lhe pancada e pé d’ouvido! E se Deus age assim com seus servos, quanto mais com aqueles que se fazem passar por servos de Deus, mas são autênticos “sugadores de promessas” e usurpadores dos direitos alheios? Que ninguém se engane: cada qual coçará a sua própria sarna! E quem procura sarnas extras para se coçar, com certeza as encontrará! Logicamente que devemos ajudar aos irmãos em dificuldades e lutas, pois a Palavra de Deus nos manda “levar as cargas uns dos outros”. Mais ou menos como: “coçai-vos uns aos outros”. Tudo bem. Mas tem certas coceiras bem particulares, pessoais e intransferíveis. Essas, nós mesmos devemos coçar.
Sem muito estardalhaço, sem reclamações e sem lamúrias. Especialmente aquelas coceiras que nós mesmos procuramos, apesar de advertidos pela Palavra de Deus quanto aos perigos da tomada de certas decisões. E que nos sirvam de preciosas lições, todos os revezes, as tribulações, angústias, lutas e pancadas. Na verdade, são essas coisas que nos fazem crescer, quando admitimos o erro e aceitamos a disciplina e a correção que vêm de Deus, com o propósito de nos repreender e nos corrigir. E se alguns dos envolvidos nesse triste episódio pertencem à família de Deus, que recebam do supremo pastor o consolo da “vara” e do “cajado”, e aprendam a servir a Deus de modo digno.
F I M
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