quinta-feira, 29 de outubro de 2009

UM JUIZ PAGANDO MICO

Recebi em meu E-mail essa interessante e hilária notícia, vinda lá das "Gerais", mandada por minha filha, Ester Dias Amaro (que eu chamo carinhosamente de "Tekinha"). Resolvi postá-la aqui, na íntegra, nos versos de pé quebrado do Meritíssimo togado. Aproveitei para responder ao Meretrício, digo, ao Meritíssimo, da mesma forma, em versos. Porém, não quebrados! 


SENTENÇA INUSITADA
Sentença inusitada de um juiz, poeta e realista.

Esta aconteceu em Minas Gerais (Carmo da Cachoeira).  O juiz Ronaldo Tovani, 31 anos, substituto da comarca de Varginha, ex-promotor de justiça, concedeu liberdade provisória  a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado ao delegado: "desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?" 

O magistrado lavrou então sua sentença em versos:

No dia cinco de outubro, do ano ainda fluente
Em Carmo da Cachoeira, terra de boa gente
Ocorreu um fato inédito que me deixou descontente.
O jovem Alceu da Costa, conhecido por "Rolinha"
Aproveitando a madrugada, resolveu sair da linha
Subtraindo de outrem duas saborosas galinhas.
Apanhando um saco plástico que ali mesmo encontrou
O agente muito esperto escondeu o que furtou
Deixando o local do crime da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório, homem de muito tato
Notando que havia sido a vítima do grave ato
Procurou a autoridade para relatar-lhe o fato.  
Ante a notícia do crime, a polícia diligente
Tomou as dores de Osório e formou seu contingente
Um cabo e dois soldados e quem sabe até um tenente.
Assim é que o aparato da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa do Delegado titular
Não pensou em outra coisa, senão em capturar.

E depois de algum trabalho, o larápio foi encontrado
Num bar foi capturado;  não esboçou reação
Sendo conduzido então à frente do Delegado.
Perguntado pelo furto que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa bastante extrovertido
Desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?
Ante tão forte argumento, calou-se o delegado
Mas por dever do seu cargo, o flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia aquele pobre coitado. 

E hoje passado um mês de ocorrida a prisão
Chega-me às mãos o inquérito que me parte o coração
Solto ou deixo preso esse mísero ladrão?
Soltá-lo é decisão que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei é prá pobre, preto e puta...
Por isso peço a Deus que norteie minha conduta.

É muito justa a lição do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos pessoas bem mais charmosas.
Afinal não é tão grave aquilo que Alceu fez
Pois nunca foi do governo, nem seqüestrou o Martinez
E muito menos do gás participou alguma vez.
Desta forma é que concedo a esse homem da simplória
Com base no CPP, liberdade provisória
Para que volte para casa e passe a viver na glória.

Se virar homem honesto e sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário, mudar-se para Brasília!!!

 ...e agora, A MINHA RESPOSTA!



A INUSITADA SENTENÇA

           Por: Sérgio Aparecido Dias

Pois é querida Tekinha, foi pra lá de inusitada
A sentença esquisita, pelo juiz decretada
Concedendo liberdade, como se não houvera nada
Mesmo sendo esse larápio mero ladrão de galinha
Não é o caso da justiça sair de cima da linha
E conceder liberdade a quem direito não tinha!
Uma, duas, três penosas, qual seria a quantidade
Que pudesse surrupiar sem perder a liberdade?
Ou será o que ele disse a expressão da verdade?

Não creio seja correto tomar a iniciativa
De cometer injustiça por conta da evasiva
Dos que, descumprindo regras, tornam a lei inativa
Pois mesmo que lá de cima, das camadas superiores
Não venha justiça plena que alivie nossas dores
Todavia não podemos nos tornar inferiores

Façamos a nossa parte, cumpramos nossos deveres
Pois espera-se que todos revelem bons procederes
Vendo na honra e decência, bons tesouros, bons haveres!
Claro que foi divertido ver o juiz enrolado
Que tomou o argumento como fato consumado
E lavrou sua sentença, pagando um mico danado

O ladrão dos galináceos foi um bom advogado
Defendeu a sua causa e humilhou o Estado
Tendo até a conivência de um jurista togado
Porque houve concordância com o roubo praticado
Dando-lhe ganho de causa contrariando o delegado
Que o havia prendido, Mas soltou-o o magistrado

Mesmo assim foi engraçado que se deu o acontecido
Pois nas barras da justiça, muito mais já tem havido
De muitos que dela escapam, sem que alguém seja punido
No Brasil sempre acontecem casos dessa natureza
Porém eu devo dizer-lhe, falar com toda franqueza
Justiça de Deus não falha, isso afirmo com certeza!


                               F I M

Um comentário:

  1. Pai, adorei a resposta! Com certeza foi à altura. Dá pra ver que não é somente o magistrado que tem dom para ser poeta, mas o senhor também. A diferença é que ele é um servidor público que ganha um salário em torno de R$22.000,00, tem que obedecer os ditames das leis e da jurisprudência (que deveria ser igual para os que roubam pouco ou muito - um pouco de utopia!) e ainda deveria seguir as regras de formulação de sentenças (relatório, fundamentação e decisão - para quem entende um pouco de Direito). Pensando bem, até que ele seguiu, sim, e mais, ficou interessante e divertido. Te amo, Teka.

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