sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A LÓGICA DO ABSURDO

CRÔNICA DE:  Sérgio Aparecido Dias
(...e de quem mais poderia ser?)
            Às vezes me pergunto se os “ representantes do povo “ não andam ociosos demais ou se não dispõem de criatividade na elaboração de seus projetos.  A razão desse questionamento foi a informação dada no jornal A Crítica (jornal de Manaus-AM), de 03/08/1997 - Pag. C2 -  sob o título “Projetos Absurdos do Congresso “ - Rosa Costa - Agência Estado.  A articulista afirma que, há alguns anos, a Câmara dos Deputados examinou um projeto regulamentando sobre a quantidade de azeitonas que os pastéis deveriam conter!?!
            Fiquei estarrecido!  Mas, apesar do absurdo, eu acrescentaria ao tal projeto uma emenda, estabelecendo uma diferença de preços aos pastéis com e sem caroços;  ou então uma rigorosa fiscalização nas pastelarias, para que as diferenças constassem de maneira bem clara nos cardápios.  Aliás, ampliando a abrangência da lei, as lanchonetes em geral deveriam ser vistoriadas, no que concerne a caroços, sementes e similares. Eu explico a razão para essa emenda: é que, um dia desses, numa pastelaria qualquer ( ou na rua, num carrinho de lanches, não me lembro mais ), andei engolindo uns 8 ou 10 caroços de azeitona.  Já imaginaram se, ao invés de pastéis, eu estivesse comendo uma sobremesa de abacates?!?  É quando o absurdo torna-se razoável.  Aliás, é bem provável que o referido autor do projeto tenha se entalado com alguns caroços.  Se assim foi, reconheço que ele tem lá suas razões.  Afinal, seria muito constrangedor que os jornais do Brasil inteiro estampassem, nas primeiras páginas, manchetes escandalosas como:
1 - “ DEPUTADO SE ENTOPE COM CAROÇOS DE AZEITONA!”
2 - “ CHÁ-DE-BICO NO DEPUTADO ENTUPIDO! “
3 - “ DEPUTADO EMPANZINADO ENTRA FUNDO NA LAVAGEM!”
            Convenhamos que um vexame desses levaria o Brasil inteiro ao ridículo internacional e provocaria até ( quem sabe?!? ) um grande abalo nas bolsas de valores! Eu não desejo que isso aconteça e certamente nenhum dos leitores também.  Sendo assim ( e para o bem da nação ), rendamos um tributo à lógica do absurdo!  Aliás, na verdade já convivemos pacìficamente com ela há muito tempo.  O que!?!  Você não concorda?  Pois então acompanhe o meu raciocínio:  Lembra-se dos “anões do orçamento?”  Pois é!!!  Anões coisa nenhuma, eram enormes e gigantescos ladrões de colarinho branco ( sei lá...nunca vi a cor )!  Ora, o chefe deles declarou que o dinheiro roubado “foi Deus que deu!”  Que eu saiba, Deus não autoriza o roubo!  Mas, talvez para evitar uma outra crise internacional, resolveu-se aceitar mais um absurdo lógico.  Aliás, bastante lógico porque, “se Deus deu,” está dado e pronto!  Lembra-se de quando Delfim Neto era o super-ministro das finanças?  Contestado sobre os números reais da inflação ( já que ele não estava levando em conta a inflação dos meses anteriores ), disparou essa pérola do absurdo:  
“ a inflação passada pode ser considerada uma inflação morta.  Não se pode fazer mais nada em relação a ela, temos que trabalhar com a inflação daqui para a frente!”
Todo mundo riu aquele riso bem amarelo ( sorriso tem cor?!? ) e tudo ficou por isso mesmo. Afinal, quem se meteria a contestar alguém que tinha intimidade até com o presidente dos Estados Unidos?  Além do mais, tem uma certa lógica nesse absurdo, porque, se algo está morto, não faz nada!  E assim vamos nós, de absurdo em absurdo, procurando mascará-los com alguma lógica ilógica, em troca de nem sei bem o quê.  Talvez dinheiro, talvez prestígio ( ou alguma posição numa secretaria qualquer ).  Seja como for, eu nunca vi a cor de nada e também nunca recebí nada.  É bem provável que o que deveria vir para o meu bolso esteja indo para o seu, e eu não esteja sabendo!  E não é só dinheiro não!  Acompanhe meu raciocínio novamente:
            Lembra-se daquela estatística que diz que  no mundo há cerca de 10 ( é! Dez! ) mulheres para cada homem?  Nunca ví as minhas outras nove! Nem sei se são feias ou bonitas, gordas ou magras, altas ou baixas, louras ou morenas!  É possível que alguém   (ou mais de um alguém) esteja se divertindo com elas em algum iate, lá para as bandas de Angra dos Reis ou nas praias do Caribe  ( quem sabe se não é você? ).  Mas eu me conformo com isso, pois também há uma lógica nesse absurdo:  eu não tenho dinheiro para sustentar mais nove mulheres ( a que eu tenho já passa bem mal ....) e muito menos tenho condições de freqüentar Angra dos Reis ou de passar as férias no Caribe.  Nem emprego eu tenho!!!  Férias então, bulhufas!  Mas até que teria sido legal poder fazer uma lista semanal de mulheres!  Ou então enfileirar todas na praia e me divertir com a cara dos panacas, babando verde!  E haja catuaba!!!  Bem, deixa prá lá!
            E daquela estatística dos bois, você  se lembra?  É o seguinte: dividindo o número de bois ( e vacas, certamente! ) pelo número de pessoas, chegaram à brilhante conclusão que há pelo menos 1 ( é, um inteirinho! ) boi para cada brasileiro!  Ora bolas, como se não se matasse centenas deles todos os dias!  Sem contar com tantas pessoas que vão pro beleléu a cada hora!  E depois, de mais a mais ( em estando certa essa estatística), o que é que estão fazendo com o meu boi?  Sim, porque comigo ele não está!   Mas aí vem outro absurdo lógico: a matemática é uma ciência exata e se ela diz que eu tenho um boi, então eu tenho um boi e está encerrada a questão.  E por falar em “encerrar,” é bom encerrarmos esse papo, porque a lógica do meu estômago me diz que estou com fome e tenho que comer.  É até bem provável que não tenha nada na panela, mas isso é apenas um detalhe.  Tenha ou não tenha, a lógica do instinto diz que eu devo comer.  Talvez, qualquer dia desses, a gente se encontre novamente e retome o papo. Isso, se houver alguma lógica, claro!
F I M

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A AGONIA DA FLORESTA AMAZÔNICA

- Um grito pela liberdade, neste 7 de Setembro -

Sérgio Aparecido Dias

A estrada rasga a floresta e abre um imenso e interminável sulco negro por entre o verde das matas outrora virgens. O ronco apavorante dos tratores troveja na imensidão da selva amazônica, assustando os animais selvagens e espantando os pássaros e as aves, que demandam o azul do céu, em ruidosos bandos, em intensas revoadas. Por sobre as copas das árvores, nas mais altas galhadas, os guaribas olham assustados os estranhos monstros, avançando em sua ânsia destruidora. Esses grandes macacos das terras firmes, os bugios da Amazônia, lançam o seu protesto em forma de tonitruantes rugidos, que se sobrepõem ao som dos imensos bichos de aço. E as árvores centenárias vão tombando, uma após outra, gemendo em seus últimos estalidos, lançando seus galhos como que num último pedido de socorro, tentando se agarrar às suas companheiras que ainda estão de pé. Mas estas também são violentamente levantadas de suas raízes, choram as últimas lágrimas de sua seiva e tombam inertes, com estrepitoso estrondo, no solo que as vira germinar e florescer. Imensos caminhões vão e vêm pelo trecho recém aberto, transportando terra e materiais utilizados pelos trabalhadores dos canteiros das obras. Grupos de operadores de motoserras e auxiliares de derrubadas, executam os serviços de corte dos galhos e das toras das árvores caídas, que serão depois selecionadas para o consumo. As que forem madeira de lei serão negociadas com as madeireiras e serrarias, ao passo que as demais servirão para estacas, barrotes, mourões e postes. O que sobrar, alimentará as fornalhas das padarias das cidades ou será transformado em carvão. O restante, o que não for utilizado, apodrecerá e será reabsorvido pelo solo, em 5, 10 ou 20 anos em média. Nas laterais do asfalto, que ocupará o lugar onde antes elas existiram, outras sementes germinarão e outras árvores crescerão, alimentadas com o húmus destas que agora agonizam e morrem. No ciclo regenerador da Natureza, de certo modo elas renascerão novamente, mas muitos de seus destruidores não mais pertencerão a este mundo. E quando as aves retornarem e fizerem os seus ninhos nos galhos renovados, os tratores e caminhões já serão sucata mecânica, corroídos pela ferrugem e abandonados na beira da estrada, encobertos pelos arbustos e pelas moitas de capim.

E a selva agoniza. Uma mistura de cheiros invade o ar nesse cenário de destruição, entrando pelas narinas e sobrepondo-se ao forte odor de óleo diesel e fumaça. Resinas aromáticas do pau-rosa, agradavelmente perfumadas, juntam-se aos frutos esmagados da andiroba, do marí-marí e do taperebá, produzindo um penetrante odor acre, que se mistura ao cheiro da terra úmida revolvida e das raízes destroçadas. É o cheiro da morte. É uma parte da floresta morrendo, violentada pelos seres ditos superiores, que lhes roubam o sagrado direito de produzirem frutos comestíveis, sombra benfazeja e restauradora, além do remédio de suas folhas, cascas e raízes, que poderiam curar os males da humanidade. Todo esse tesouro doado por Deus, será agora transformado em tábuas, carvão e adubo. Um mal necessário, segundo os comentaristas, para conquistar a Amazônia e ocupá-la estrategicamente, protegendo as fronteiras e levando o progresso às vilas e cidades às margens dos rios. Só o tempo dirá se terá valido a pena tanto estrago e tanta agressão ao meio ambiente e à Natureza. De vez em quando os tratores e as pás mecânicas encontram uma barreira que os obriga a parar, chiando os pneus, trepidando suas carcaças e resfolegando fumaça preta pelos narizes dos escapamentos. É um rio, das centenas de milhares que serpenteiam pelas florestas da Amazônia. Uns grandes, outros enormes e vários gigantescos. Desde igarapés e riozinhos até aos caudalosos gigantes líquidos, tributários do Amazonas, o rio-mar, um infindável emaranhado de águas, ziguezagueando por entre a selva, como artérias vivas, o sistema circulatório da vida selvagem. Mas a selva tem os seus métodos de revide e proteção. A Natureza dispõe de meios de defesa, contra os quais nem sempre os seres humanos conseguem êxito. Alguém já ouviu falar da Transamazônica? Existem, por acaso, modernos ônibus trafegando por suas estradas asfaltadas? Quantas cidades surgiram em suas margens? De quais fazendas prósperas estão sendo colhidos os alimentos que matariam a fome da humanidade, de acordo com a propaganda da época? A maior parte da Transamazônica é agora vereda das antas e dos grandes animais da floresta. O que restou dos acampamentos virou comida de cupins, esconderijo dos grandes morcegos e morada de cobras, tarântulas e aranhas caranguejeiras. E o forte sol do verão amazônico reflete seus raios no que sobrou das carcaças dos tratores e das caçambas, desmanteladas e desfeitas pela ferrugem, cobertas pelas ramagens de buxa, maracujá do mato e melão de São Caetano. Dezenas de cruzes, toscas e rústicas, assinalam os locais dos que sucumbiram na batalha e estão espalhadas no interior da floresta, nas beiras dos rios e ao longo do que seria a estrada. Foram vencidos pela malária, pelas pestilências tropicais, pelas areias movediças, pelos desastres na estrada. Ou se acabaram nos dentes dos jacarés, das piranhas e das onças. Sem falar dos que receberam a injeção mortal dos dentes venenosíssimos da surucucu-pico-de-jaca. E a Transamazônica transformou-se numa grande capoeira, a maior de todas. E numa grande piada internacional, sem a menor graça! Agora, nos estertores do século 20 e no adentrar do século 21, as derrubadas se intensificam e as queimadas acompanham esse alucinante ritmo de destruição. Fazendeiros, grileiros e posseiros, acobertados por políticos gananciosos, levantando falsas bandeiras socialistas e de pseudas reformas agrárias, agridem e violentam impunemente o meio ambiente. Sentem-se fortes, amparados em leis absurdas, moralmente anuladas por seu conteúdo arbitrário e destruidor. Legais na frieza constitucional, porém, ilegais em seu ardente propósito depredador Somos testemunhas, cujas vozes são abafadas pelos discursos inflamados dos que se acham donos da Amazônia, que sonham reparti-la com abutres esfaimados de nações destruidoras, cujas florestas não mais existem, cujos recursos naturais já se exauriram. Esses piratas da nossa bio-diversidade se acham no direito de ratear a Amazônia como pagamento da dívida externa. Será que já não bastam os incentivos fiscais, correspondentes a milhões de dólares, que há décadas eles sugam da Zona Franca ? Milhares de trabalhadores são despejados todos os anos nas ruas de Manaus, perambulando pelos escritórios de recursos humanos e engrossando as intermináveis filas do F.G.T.S. da Caixa Econômica e do seguro desemprego. Tudo para evitar que as empresas subsidiadas diminuam o seu exorbitante lucro. E se isto não basta, então a selva deve ser destruída, para dar espaço às grandes fazendas. Tudo de modo desordenado, sem respeitar o meio ambiente e o ecossistema. Daqui a 100 anos, a julgar pelo avanço da destruição, amparada e embasada por uma lei estúpida e imbecil, que permite a derrubada de 50% da área (e já prevendo uma futura permissão de 80%), provavelmente o rio Amazonas e o rio Negro serão esgoto a céu aberto, como já sucedeu com literalmente todos os igarapés de Manaus. Os esgotos das fábricas serão despejados livremente no rio Negro, que compartilhará do triste destino do grande rio Tietê de águas mortas, repositório de imundícies domésticas e de lixo tóxico industrial. No lugar das garças, esqueléticos e famintos urubus disputarão, com os mendigos, restos de comida nos lixões, ao longo dos canais de águas fétidas e poluídas. No lugar da exuberante floresta, se erguerão condomínios e grandes complexos de favelas, cercados por um deserto de areias causticantes. Eu só espero estar morto muitos anos antes que esta tragédia inevitável aconteça.


F I M


AS RAZÕES INSANAS DO HAMAS PARA JUSTIFICAR SEU ATAQUE COVARDES: COISA DE MENTES DOENTIAS E IDIOTAS!!!

  Mesquita de Al-Aqsa e Monte do Templo O motivo alegado pelo Hamas para o ataque brutal a Israel no último sábado está relacionado à mesqui...