sábado, 26 de setembro de 2009

MARTÍRIO DOS ANABATISTAS - Parte I

 Pr. Sérgio Aparecido Dias

( do livro "História Heróica do Povo Batista", de sua autoria, em andamento)            

Assim como na Suíça, os anabatistas sofreram ferrenha perseguição na Alemanha, derramando seu sangue e dando suas vidas em defesa da verdade.   Destacaremos, dentre tantos heróis, os que participaram na liderança dos vários grupos dissidentes. Miguel Sattler era natural de Friburgo ( Alemanha ), onde nasceu em 1490.   Foi frade num convento Beneditino, onde chegou a ocupar o cargo de Prior.   Estudando as epístolas de Paulo, porém, duvidou das coisas que aprendera e que praticava no convento.   Sem saber o que fazer e temendo levar ao conhecimento de seus superiores as suas dúvidas, Miguel Sattler fugiu do mosteiro e casou-se.  Da Áustria ( para onde havia fugido ), escapou da perseguição movida contra os luteranos e procurou refúgio em Zurique, na Suíça, em 1525.   Unindo-se aos anabatistas locais, tornou-se um evangelizador incansável e ativo, pregando o evangelho bíblico conforme as Escrituras, atraindo a ira de Zwínglio e do Conselho de Zurique.   Julgado pelo Conselho, foi condenado e expulso da Suíça.

            Após a sua expulsão da Suiça, buscou refúgio em Friburgo, sua cidade natal, de onde também foi expulso em virtude de suas pregações.   Peregrinou por várias cidades e países, regressando novamente na Suiça, tendo participado de uma conferência dos anabatistas em Schleitheim ( fevereiro de 1527 ) .    Nessa conferência, os anabatistas elaboraram uma espécie de confissão de fé, composta de 7 artigos.   Sattler foi o redator dessa confissão ( Confissão de Schleithem ), o que demonstra a sua importância e destaque no movimento.  Regressando da conferência, foi preso em Rotemburgo ( Alemanha ).   Submetido a julgamento, foi condenado. 

Eis as acusações que motivaram sua condenação:

            1) - Ação contrária ao decreto imperial;
            2) - Ensinar e crer que o corpo e o sangue de Cristo não estão presentes
                  no sacramento;
            3) - Ensinar e crer que o batismo infantil não dá salvação;
            4) - Rejeição do sacramento da unção;
            5) - Desprezar e aviltar a mãe de Deus e condenar os santos;
            6) - Declarar que os homens não devem jurar diante do magistrado;
            7) - Começar um novo costume a respeito da Ceia do Senhor, colocando o pão
                  e o vinho num prato, comendo e bebendo deles.
            8) - Ter-se casado contrariamente às regras;
            9) - Ter dito que, se os turcos invadissem o país, não se lhes deveria oferecer
                   resistência; e que, se aprovasse a guerra, ficaria antes contra os cristãos,
                   do que contra os turcos.
  
            Tais acusações eram todas infundadas em sua maior parte, distorcendo-se as convicções de Sattler e seus ensinamentos.   Quanto à acusação 5, até hoje os evangélicos a sofrem, sendo distorcido o verdadeiro respeito e o legítimo lugar de honra que os protestantes ( e particularmente os batistas ) dão a Maria e aos santos bíblicos.  Sobre a Ceia do Senhor, batismo infantil e os "sacramentos", constituem-se em precioso legado e faz parte da herança anabatista, tesouro pertencente aos atuais batistas.  É monstruosa e cruel a sentença proferida contra Miguel Sattler:

            " Miguel Sattler deverá ser entregue ao carrasco.  Este o levará até à praça e aí primeiro lhe cortará a língua.   Depois o amarrará a uma carroça e, com tenazes incandescentes ( pinças em brasa ) tirará, por duas vezes, pedaços do seu corpo.   Em seguida, a camiho do lugar da execução, fará isso cinco vezes mais e depois queimará seu corpo até ao pó, como um arqui-hereje ."

            No dia 20 de maio de 1527, Miguel Sattler foi executado na cidade de Rotemburgo.  Como lhe tivessem cortado apenas um pedaço de sua língua, ainda conseguiu falar ao povo e orar a Deus em voz alta, apesar do sangue e da dor intensa. Quando o fogo queimou as cordas que o prendiam na estaca, fez sinal ao povo levantando os dedos indicadores: era o sinal combinado com os seus irmãos, de que as dores eram perfeitamente suportáveis.  A esposa de Miguel Sattler foi também presa e foram feitas tentativas para que se retratasse.   Resistindo heròicamente a todos os esforços e rejeitando todas as propostas para que salvasse sua vida, foi condenada à morte e foi afogada no rio Neckar, oito dias depois. Esse casal de heróis da fé finalmente descansou de tantas tribulações e lutas.

            O líder do anabatismo alemão, no entanto, foi Baltazar Hubmaier, considerado o mais culto dos anabatistas. Era natural de  Friedberg ( Alemanha ), estudou em Augsburgo e doutorou-se em teologia na Universidade de Ingolstadt em 1512, mesmo ano em que Lutero doutorou-se na Universidade de Wittemberg.  Sua capacidade intelectual é incontestável, quando a História registra que ele foi escolhido para ser Vice-Reitor da Universidade, em 1515.    No ano seguinte, passou a ocupar o cargo de pregador da recém inaugurada Catedral de Ratisbona.  A partir de 1521 sua vida mudou, quando iniciou um estudo sério e profundo das epístolas de Paulo.   Abalado em suas convicções viajou para a Suiça, onde, em Basiléia, manteve contacto com Erasmo ( auxiliar de Zwínglio ).    Em 1523 foi à Zurique a fim de entrevistar-se com o próprio Zwínglio.   Mas quem de fato o convenceu da necessidade da tomada de uma decisão radical, foi Guilherme Reublin.

            Retornando a Waldshut, Baltazar Hubmaier iniciou um programa de reforma, pregando a doutrina da justificação pela fé, abolindo a missa, condenando o celibato clerical, removendo as imagens da Igreja e, por fim, casando-se.  Tais medidas ultra-radicais atrairam a ira do rei Fernando, irmão de Carlos V, e Hubmaier começou a correr risco de vida.   A "gota d'água" veio com a publicação de um livro intitulado "A respeito dos Herejes e Seus Queimadores ", onde Hubmaier redefiniu o termo " hereje, " aplicando-o aos perseguidores; e estabeleceu o princípio da liberdade religiosa.  Para afirmar de modo incontestável suas novas convicções, solicitou o batismo a Guilherme Reublin, em 1525.  

 Logo após, batizou 300 novos convertidos por afusão, utilizando um balde, colocado na pia batismal da Igreja; em seguida, celebrou a ceia do Senhor segundo os preceitos bíblicos.   Desse modo, a Igreja de Waldshut abandonava o catolicismo e tornava-se anabatista.  O rei Fernando enviou forças militares contra Waldshut; e Hubmaier, tentando poupar sofrimentos à população, atravessou a fronteira e fugiu para a Suiça.  Em Zurique, porém, foi prêso e condenado a retratar-se ou abandonar a cidade.   Pressionado pelas torturas, retratou-se.   Uma vez livre, retratou-se da retratação e reafirmou publicamente as suas posições doutrinárias, o que lhe valeu nova prisão e mais torturas.  Não resistindo às angustiantes torturas, retratou-se novamente e foi expulso da cidade.  Decidido a não mais se enfraquecer em razão do sofrimento, confessou sua fraqueza, pediu perdão a Deus e reiniciou o seu trabalho.  Retirou-se para Nikolsburgo, na Morávia onde, durante 2 anos, conseguiu 6.000 convertidos e publicou cerca de 17 panfletos e teses, nos quais explicava suas doutrinas e pontos de vista.  Preso novamente por tropas católicas, foi levado para a Áustria; sua espôsa também foi presa e levada em sua companhia.   Na prisão, apelou várias vezes por sua libertação, mas não obteve sucesso.  Finalmente, no dia 10 de março de 1528 , em Viena, capital da Áustria, Baltazar Hubmaier foi amarrado na estaca e queimado vivo.   Sua espôsa, 3 dias depois, com uma pedra atada ao pescoço, foi afogada no rio Danúbio. 

Continua em próxima postagem.........

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