terça-feira, 10 de novembro de 2009

A CONTROVÉRSIA IANOMÂMI

IANOMÂMI! QUEM?


Roberto Gama e SilvaAlmirante Reformado

Nos tempos da infância e da adolescência que passei em Manaus, minha cidade natal, nunca ouvi a mais leve referência ao grupamento indígena denominado “IANOMÂMI”, nem mesmo nas excursões que fiz ao território, acompanhando o meu avô materno, botânico de formação, na sua incessante busca por novas espécies de orquídeas.
Tinha eu absoluta convicção sobre a inexistência desse grupo indígena, principalmente depois que aprendi que a palavra “ianomâmi” era um nome genérico aplicado ao “ser humano”.
Recentemente, caiu-me nas mãos o livro “A FARSA IANOMÂMI”, escrito por um oficial de Exército brasileiro, de família ilustre, o Coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto,
Credenciava o autor do livro a experiência adquirida em duas passagens demoradas por Roraima, a primeira, entre 69 e 71, como Comandante da Fronteira de Roraima/ 2º Batalhão Especial de Fronteira, a segunda, quatorze anos depois, como Secretário de Segurança do antigo Território Federal.

Menna Barreto procurou provar que os “ianomâmis” haviam sido criados por alienígenas, com o intuito claro de configurar a existência de uma “nação” indígena espalhada ao longo da fronteira com a Venezuela. Para tanto citou trechos de obras publicadas por cientistas estrangeiros que pesquisaram a região na década iniciada em 1910, notadamente o alemão Theodor Koch-Grünberg, autor do livro “Von Roraima zum Orinoco, reisen in Nord Brazilien und Venezuela in den jahren 1911-1913.
Embora convencido pelos argumentos apresentados no livro, ainda assim continuei minha busca atrás de uma personalidade brasileira que tivesse cruzado a região, em missão oficial do nosso governo, e que tivesse deixado documentos arquivados na repartição pública de origem. Aí, então, não haveria mais motivo para dúvidas.
Definido o que deveria procurar, foi muito fácil selecionar o nome de um dos “Gigantes da Nacionalidade”, embora pouco conhecido pelos compatriotas de curta memória: Almirante Braz Dias de Aguiar, o “Bandeirante das Fronteiras Remotas”
Braz de Aguiar, falecido em 17 de setembro de 1947, ainda no cargo de “Chefe da Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão”, prestou serviços relevantes ao país durante 40 anos corridos, sendo que destes, 30 anos dedicados à Amazônia, por ele demarcada por inteiro. Se, nos dias correntes, o Brasil já solucionou todas as pendências que recaiam sobre os 10.948 quilômetros que separam a nossa maior região natural dos países vizinhos, tudo se deve ao trabalho incansável e competente de Braz de Aguiar, pois de suas observações astronômicas e da precisão dos seus cálculos resultaram mais de 500 pontos astronômicos que definem, juntamente com acidentes naturais, essa longa divisória.

Todas as campanhas de Braz de Aguiar foram registradas em detalhados relatórios despachados para o Ministério das Relações Exteriores, a quem a Comissão Demarcadora era subordinada.
Além desses relatórios específicos, Braz de Aguiar ainda fez publicar trabalhos detalhados sobre determinadas áreas, que muito contribuíram para desvendar os segredos da Amazônia.
Um desses trabalhos denominado “O VALE DO RIO NEGRO”, classificado pelo Chefe da “Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão” como um subsídio para “a geografia física e humana da Amazônia”, foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores no mês de janeiro de 1944, trazendo no seu bojo a resposta definitiva à indagação “IANOMÂMI! QUEM?.
No tocante às tribos indígenas do Vale do Rio Negro, incluindo as do tributário Rio Branco, afirma o trabalho que “são todas pertencentes às famílias ARUAQUE e CARIBE, sem aludir à existência de alguns povos cujas línguas se diferenciam profundamente das faladas pelas duas coletividades citadas”. Prossegue o autor: “Tais povos formam as chamadas tribos independentes, que devem ser consideradas como restos de antigas populações cuja liberdade foi grandemente prejudicada pela ação opressora de vizinhos poderosos”. Também os índios “TUCANOS” constituem uma família a parte, complementa o trabalho.
Dito isto, a obra cita os nomes e as localizações das tribos aruaques no Vale do Rio Negro, em número de treze, sem que da relação conste a pretensa tribo “IANOMÂMI”.
Em seguida, foram listadas as tribos caribes, bem como a sua localização: ao todo são sete as tribos, também ausente da relação o nome “IANOMÂMI”.
Dentre as chamadas tribos independentes do Rio Negro, em número de cinco, também não aparece qualquer citação aos “IANOMÂMIS”.

Para completar o quadro, a obra elaborada por Braz de Aguiar ainda faz menção especial ao grupo “TUCANO”, pelo simples fato de compreender quinze famílias, divididas em três ramos: o oriental, que abrange as bacias dos rios UAUPÉS e CURICURIARI; a ocidental, ocupando as bacias do NAPO, PUTUMAIO e alto CAQUETÁ, e o setentrional, localizado nas nascentes do rio MAMACAUA.
Os “IANOMÂMIS” também não apareceram entre os “TUCANOS”.
Completando a listagem dos povos da bacia do RIO NEGRO, a obra ainda faz menção a uma publicação de 1926, composta pelas “MISSÕES INDÍGENAS SALESIANAS DO AMAZONAS”, que descreve todas as tribos da bacia do RIO NEGRO sem mencionar a existência dos “IANOMÂMIS”.
Assim sendo, pode-se afirmar, sem medo de errar, que esse povo “não existiu e não existe” senão nas mentes ardilosas dos inimigos do Brasil.

Menna Barreto e outras fontes fidedignas afirmam que coube a uma jornalista romena, CLAUDIA ANDUJAR, mencionar, pela primeira vez, em 1973, a existência do grupo indígena por ela denominado “IANOMÂMI”, localizado em prolongada faixa vizinha à fronteira com a VENEZUELA.
Interessante ressaltar que a jornalista que “inventou” os “IANOMÂMIS” não agiu por conta própria, mas inspirada pela organização denominada “CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL” sediada na SUIÇA, que, por seu turno, é dirigida por um Conselho Coordenador instruído por seis entidades internacionais: “Comitê International de la Defense de l´Amazon”; “Inter-American Indian Institute”; “The International Ethnical Survival”; “The International Cultural Survival”; “Workgroup for Indigenous Affairs” e “The Berna-Geneve Ethnical Institute”.
Releva, ainda, destacar o texto integral do item I, das “Diretrizes” da organização referentes ao BRASIL:

 “É nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações européias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”.

Ficam assim bem caracterizadas as intenções colonialistas dos membros do “CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL”, ao incentivarem a “invenção“ dos ianomâmis e a sua localização ao longo da faixa de fronteiras. Trata-se de iniciativa de fé púnica, como soe ser a artificiosa invenção de um grupo étnico para permitir que estrangeiros venham a se apropriar de vasta região do Escudo das Guianas, pertencente ao Brasil e, provavelmente, rica em minérios. O ato se reveste de ilegitimidade passiva e de impossibilidade jurídica. Sendo, pois, um ato criminoso, a criação de “Reserva Ianomâmi” deve ser anulada e, em seguida, novo estudo da área deverá ser conduzido para o possível estabelecimento de novas reservas, agora descontínuas, para abrigar os grupos indígenas instalados na mesma zona, todos eles afastados entre si, por força do tradicional estado de beligerância entre os grupos étnicos “aruaques” e ‘caribes’.
Outras providências legais devem ser adotadas, todavia, para enquadrar os “zelosos” funcionários da FUNAI que se deixaram enganar e os “competentes” servidores do Ministério da Justiça que induziram o Ministro da Pasta e o próprio Presidente da República a aprovarem a decretação de reserva para um grupo indígena inexistente. Sobre estes últimos poderia ser aplicada a “Lei de Segurança Nacional”, artigos 9 e 11, por terem eles contribuído para um futuro seccionamento do território nacional e um possível desmembramento do mesmo para entrega a outro ou outros Estados.
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN!
Roberto Gama e Silva
Almirante Reformado
Rio de Janeiro, em 21 de abril de 2008.

Postado por: SÉRGIO APARECIDO DIAS

4 comentários:

  1. Ridículo! Totalmente ridículo! Quem poderia sustentar uma mentira dessas por tanto tempo? Como diversas pessoas se deixariam enganar a ponto de criar uma reserva para índios inexistentes? As instituições brasileiras, fortes e democráticas depois do fim da ditadura militar (que matou, torturou e afundou o Brasil em dívidas)não são, nem de longe, ingênuas ou vendidas ao interesse internacional a esse ponto. Os Ianomamis não estão entre os indios de família Tucano, Caribe ou Aruaque porque constituem um povo isolado há cerca de 1000 anos e têm uma família linguística própria, a Ianomami. A existência desses índios está registrada na Enciclopédia de Povos Indígenas do Instituto Socioambiental e em todos os dicionários do país. Há também pesquisadores envolvidos no estudo de sua cultura. Quem afirma que eles não existem pode estar interessado em seu extermínio!!! Reservas em terras contínuas são um direito dos BRASILEIROS indígenas baseado em estudos antropológicos feitos no Brasil e na defesa da manutenção das culturas desses povos, garantindo assim uma sociedade plural - nossa maior riqueza -, conforme dita a constituição brasileira. Reservas em terras descontínuas, como as que sobraram para os índios do litoral, confinam esses SERES HUMANOS em áreas que hoje não insuficientes para a sua população e os coloca numa situação social inferior! Eles têm direito ao uso da terra como qualquer nacional e somente a ambição de quem quer explorar as riquezas da floresta sem compensar seus habitantes justifica tal afirmação! Para quem não lembra, o Almirante Gama e Silva foi vice na chapa do louco Enéas, que defendia a bomba atômica para o Brasil, sempre achando que estamos cercados de inimigos e infiéis que querem destruir o Brasil. Pessoas assim precisam conhecer melhor a história do país e aprender como os índios participaram da criação de nossa "alma" social e nacional, inclusive ajudando na conquista de territórios e na demarcação das fronteiras hoje reconhecidas mundialmente. Pura paranóia!! Ou será que há interesse por traz disso?
    O que precisamos no Brasil e democratizar o uso da terra! O que vemos por aí são brasileiros, principalmente negros e índios sendo discriminados por uma política de ocupação do solo que favorece apenas aos que tem maior poder aquisitivo (na maioria, brancos).
    Lutemos por uma política habitacional que proporcione moradia de boa qualidade para a população urbana, acabando com as favelas por asfixia. Lutemos por uma reforma agrária que acabe com a distorção atual em que uma pequena parte da população é dona de grande parte das terras cultiváveis, deixando à míngua milhares de agricultores sem terra. Lutemos pela demarcação de terras indígenas e pela preservação de sua cultura!
    O BRASIL É UM PAÍS DE TODOS!!!
    Em breve todo o Brasil poderá ler o livro Os órfãos de Haximu, da qual sou coautora. Nele, a questão indígena é tratada a partir do ponto de vista dos índios. Quem mergulhar na leitura vai entender melhor a questão.

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  2. Obrigado Maria Lúcia, pelos comentários. Também sou pela defesa dos índios brasileiros, especialmente por uma FUNAI que de fato sirva aos interesses indígenas e que não os deixe morrendo à míngua, em áreas inóspitas e sem assistência adequada nas periferias de Manaus. O que devemos procurar evitar,porém, é que interesses estrangeiros se camuflem de "benfeitores" e usem as reservas indígenas contínuas como base de operações. Basta que consigam, em nível internacional, um rótulo de "nação" aos povos indígenas das reservas. Depois, com o reconhecimento de nação independente, fica muito mais fácil isolar a área contínua e transformá-la num país. Em seguida, como passo final, basta dar "apoio político" e "auxílio estratégico", para assumir o controle e estabelecer uma nova colônia. No meu modo de ver a questão, os índios devem ser oficialmente declarados membros da nação brasileira, cada qual conservando sua etnia (não quanto à raça, mas ao grupo lingüístico e histórico), com plenos direitos à terra onde moram. Não devem ser tutelados, mas auxiliados, na absorção dos hábitos, cultura e sistema dos povos ditos "civilizados", se assim o desejarem. Depois de devidamente aculturados, devem se colocar em nível com os demais brasileiros, quanto às leis e às regras da Sociedade. Caso optem por viverem nas cidades, devem ser respeitados e terem resguardados todos os seus direitos de cidadania, bem como seus deveres de cidadão. Deverão receber habitação digna, tendo em vista que deixarão o seu espaço na floresta, onde tinham casa para morar. Estudos deveriam ser feitos quanto ao sustento, manutenção e entrada no mercado de trabalho. Seria deveras complexo tal projeto, pois envolveria entidades, autarquias, órgãos missionários, universidades, ongs, e exigiria uma logística para a qual não sei se estamos preparados. Quanto ao grupo Ianomâmi em si, seu idioma, seu habitat, seu surgimento, a catalogação e confirmação de seu grupo étnico, etc., cabe aos especialistas da área e às Universidades, o trabalho de averiguar e divulgar um parecer definitivo e científico. E temos que filtrar, peneirar, examinar e dissecar todos os trabalhos e estudos sobre os grupos indígenas, bem como artigos semelhantes a este em foco. Obrigado pela participação!

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  3. Caro Sérgio,
    Não devemos temer o desmembramento da Amazônia em nações indígenas controladas por estrangeiros. As fronteiras brasileiras são reconhecidas mundialmente desde a época do grande Barão do Rio Branco. Sinceramente, acho que não corremos esse risco.
    Um abraço

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  4. Certo, Maria Lúcia, vamos dar tempo ao tempo e aguardar. Na verdade, se fôssemos mesmo agir com justiça, deveríamos devolver o Brasil inteiro aos índios, ou, pelo menos, indenizá-los pelo tempo de invasão e usufruto. Penso que, ao invés de confiná-los em reservas, deveria ser reconhecida como sua propriedade, as terras que são ocupadas por suas aldeias e estabelecer limites de propriedade (dentro da realidade de cada tribo em seus deslocamentos para caçar, pescar, etc.) As reservas atuais deveriam servir só de início para um plano mais profundo de ocupação de área e preservação do meio ambiente. Mas as forças armadas e o Governo devem sempre estar alertas quanto a possíveis manobras dos lobos vorazes da Europa e dos Estados Unidos, na idéia que eles tem, de uma Amazônia repartida em feudos e colonizações estrangeiras. Somos Amazônidas, vivemos aqui, não depredamos a Natureza, tiramos dos rios e da floresta o nosso sustento, plantamos nas várzeas o nosso alimento e queremos continuar tendo o nosso direito de aqui sobreviver, sem a tutela das nações que já depredaram o seu patrimônio natural, poluiram seus rios e destruiram suas florestas.

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